Muitas vezes, as coisas da vida podem não ser lá muito agradáveis. Não gosto, por exemplo, de pessoas que teimam em levar seus bebês a determinados eventos. Neste caso, a Lei de Murphy por si só já garante que estes mesmos bebês chorarão justamente nos momentos mais importantes, como numa sessão solene. Não gosto tampouco dos cachorros das casas vizinhas que latem de forma tão incessante a perder o fôlego e, não se contentando com isso, nos fazem perder o sono, nem de vendedores que passam longos minutos fazendo propaganda e insistem em "enrolar" o máximo possível antes de finalmente dizer o valor do produto. Acho peculiarmente infeliz a mania que algumas pessoas possuem de Escrever Cada Palavra Com A Inicial Em Letra Maiúscula. Não gosto de gente que exige respeito através do medo. Não gosto de desinformação, nem de "achismos" e muito menos de preconceito disfarçado ("Não tenho nada contra, mas...").
Não suporto buzinas. Além de inúteis — pois na imensa maioria das vezes já sabemos que estamos atrasados —, elas só fazem é aumentar ainda mais o desespero e a irritação. Elas são a representação sonora da impaciência do século XXI.
Não. Eu gosto é de pessoas espontâneas, de conversas autênticas, de coisas que me façam sorrir. Gosto de aromas que tragam consigo lembranças, e de sabores para fechar os olhos e aproveitar cada mastigada. Gosto de falas pausadas, de palavras em uma tranquila sintonia, de tempo para ler e respirar. Gosto de participar de conversas paralelas durante o almoço de domingo com a família, e também gosto de ouvir o silêncio noturno quebrado somente pelo cri cri dos grilos. Gosto de comer sem culpa, de ler na varanda, de fechar os olhos e apreciar a inabalável beleza do luar em forma de som. Gosto de coisa descomplicada, de prosa corrida e principalmente despretensiosa, como esta aqui.