
Não. Não serei partícipe deste concurso de monólogos. Fiz um acordo comigo mesmo de soltar somente as palavras que já não cabem mais na garganta, as que me escapam em situações em que o silêncio não pode com a hipocrisia e com a ignorância, e algo urge ser dito. De resto, entendi que é preferível resguardar minhas posições não tão consolidadas até que elas adquiram uma solidez maior. E não é nem uma questão de apatia política, de abdicação de responsabilidade social. Trata-se apenas de não dar passos maiores que minhas pernas.
É decerto positivo o debate intenso sobre questões relevantes, em lugar do mero confinamento da opinião popular a assuntos futebolísticos, por exemplo; no entanto, eu, particularmente, optarei por não mais me envolver de corpo e alma em debates políticos, cheios de tantas ideias vazias que mal passaram por processos de digestão crítica, porque, ao que tenho visto, os resultados basicamente se resumem às rugas que surgem do estresse infrutífero. Nesse meio tempo, enquanto o mundo não está preparado para mim, e eu tampouco para ele, estarei por aí, propondo-me a refletir sobre a natureza das coisas belas e universais. Ao meio de tanto concreto cinza, inflexível e pesado... falarei das flores, que nascem tímidas no canto da calçada.